BRASÍLIA - Enquanto a produção global foi a menor em cinco anos, em números absolutos, o mercado brasileiro se expande, sendo o que mais consome cocaína na América do Sul, de acordo com o relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), divulgado quarta-feira em Brasília. O crescimento fez com que o índice usado para medir o contingente de pessoas envolvidas – taxa de prevalência – passasse de 0,4% em 2001 para 0,7% em 2007. Hoje são cerca de 890 mil usuários em uma população entre 12 e 65 anos.
A apreensão de drogas pesadas acompanhou a curva. O volume saltou de 9,2 toneladas em 2002 para 16,6 toneladas em 2007. Embora o relatório não entre nesse detalhe, o responsável pelo UNODC no Brasil, Bo Mathiasen, disse que as apreensões podem estar relacionadas ao aumento do consumo, a uma eventual melhora no trabalho da polícia ou ao fato de o Brasil ter melhorado sua economia.
O dado apreensivo da pesquisa, segundo ele, é que o aumento é constante, o que deve servir como um alerta para autoridades brasileiras. No Cone Sul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile) a força do tráfico pode ser medida pela quantidade confiscada pelas polícias. De 2000 a 2007, passou de 10 toneladas para 38 toneladas.
Embora a repressão tenha melhorado, este índice ainda está abaixo dos 40% do volume de cocaína que sai dos centros produtores. País de trânsito no atacado da droga, o Brasil é o 10º do mundo em apreensões. Como subproduto, o aumento do tráfico de cocaína fez explodir o comércio do crack, uma droga mais barata epreferida da população de menor renda. As apreensões saltaram de 200 kg em 2002 para 578 kg em 2007, quase quatro vezes mais que o ano anterior, 2006, quando foram confiscados 147 kg.
A taxa de prevalência sobre o uso de maconha (que inclui tanto quem só experimentou, quanto os consumidores tradicionais) mais que dobrou entre 2001 e 2005, saltando de 1% para 2,6%, deixando o Brasil atrás apenas da Argentina (com 7,2%) e Bolívia (4,3%) na América do Sul. Segundo o relatório, o Brasil abriga a maior população de usuários de opiáceos (ópio, heroína, morfina e outros derivados) do continente, com 635 mil usuários, ou 0,5% da população entre 12 e 65 anos.
Facilitado por prescrições médicas irregulares, as anfetaminas também assustam. O Brasil é o terceiro maior usuário do mundo, com mais que o dobro de usuários entre 2001 e 2005, saltando de 1,5% para 3,2%, ou 0,7% da população.
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